Os dias eram curtos. Outros dias eram longos.
Os dias em que passeávamos de mãos dadas eram curtos; os que passeávamos de mãos afastadas eram longos. Muito longos. Tão longos que nem me apetecia passear, porque não sentia a tua mão. Eu tenho medo de passear sem sentir a tua mão. Não me sinto segura sem ti, sem a tua mão.
E os dias passavam, uns curtos e outros longos. Uns dias eu sentia a tua mão escorregar-me deliciosamente pelo rosto. Éramos só nós dois e ninguém interferia.
Às vezes andávamos sem parar até ficarmos cansados. Muito cansados. Um beijo curava a fadiga e voltávamos a ter a energia de que precisávamos para continuarmos a passear, de mãos dadas. Outras vezes nem andávamos muito. Tu costumavas olhar para mim como uma criança pequena olha para um doce, e dizias "Eu amo-te." e eu, entregue aos teus encantos de homem apaixonado, beijava-te. Beijava-te sempre como se fosse o primeiro beijo, mas com o triplo da intensidade e da paixão. E depois? Depois ficávamos rendidos ao sorriso um do outro.
E os dias passavam, uns curtos e outros longos. Os dias que eu passava sem ti eram como que insuportáveis e ridículos. Sim, ridículos. É o que eu sou sem ti, uma gaja ridícula. Ando perdida e não sei nada da vida. O pouco que sei é contigo que aprendo, quando estamos de mãos dadas.
E os dias continuavam a passar, uns curtos e outros longos. E eu, que me havia percebido que antes de te conhecer não sabia o que era amar, sentia o nosso amor crescer, quer os dias fossem curtos ou longos. Estas novas sensações que despertaste em mim evoluiam a passos largos.
Descobri que me davas tudo o que eu não pedia, mas tu sabias que eu precisava. Não tenho a necessidade de te pedir nada, porque mesmo antes de eu precisar de alguma coisa, já me estás a dar o que eu necessito.
E os dias passam, curtos, longos, felizes. E tu, tens a minha vida nas tuas mãos.
Repito: Será muito, pedir-te o Tudo?
- O Tudo é nada, comparado com tudo o que me dás, sem eu pedir, todos os dias da nossa vida.
