sexta-feira, 23 de abril de 2010

É isto que eu faço com um dos teus desejos. Quero subir, um a um, os degraus da nossa casa.

A nossa casa parada junto ao mar.
Quando os meus olhos se abrem pela primeira vez naquele dia, vêem-te belo junto à janela, sorrindo como uma criança para o mar. Apercebes-te de que acordei e dizes Hoje está um dia perfeito, anda. Mas eu não vou. Continuo deitada na nossa cama contemplando os teus olhos cor de chocolate. Quero-te tanto. Não quero mais nada que se possa querer no mundo.
Lembras-te de que ainda não me deste o beijo de bom dia e corres na minha direcção. Parece que te esqueces da pressa que tinhas para visitarmos o dia perfeito, lá fora. Sim, o sol dourado pode esperar por nós.

A água aos nossos pés está submissa. Sentimos a água fugir-nos de baixo dos nossos pés, levando um rasto de areia consigo e devolvendo-a noutra onda. Não posso virar-te as costas durante um segundo que começas logo a salpicar água para cima do meu vestido branco, aquele que me ofereceste no meu aniversário. Gosto muito quando dizes, à beira-mar, que me amas e que a melhor coisa que fizeste na vida foi ter-me encontrado. Lembro-me todos os dias que foi ali naquela praia que decidimos comprar a nossa casa. Foi a decisão mais rápida da minha vida, durou cerca de 10 minutos e bastou-me olhar-te nos olhos para saberes qual a minha decisão final. Se não fosses tu não valia a pena estar ali. Nada valia a pena, se não fosses tu.

Sento-me na areia, tu continuas à beira-mar. Caminhas sobre o rasto de areia deixado pelas ondas do mar, e eu sigo-te com os olhos que se enchem de água sem outra razão que não a felicidade, o contentamento, a alegria. Tu és o suporte de metal que mantém o meu coração bem firme. Sussurro-te ao ouvido, quando te deitas ao meu lado, na areia.
Olhamos o céu. As nuvens transformam-se em mil formas que nós caracterizamos como um cogumelo, um carro, uma árvore ao contrário, uma bola de futebol. Quando estamos assim, gosto de pensar em coisas impossíveis: a partir de agora as minhas mãos fazem parte do teu corpo.

Anda, vamos. Dizes tu com o teu ar dócil, ouvindo-se o barulho das ondas batendo nas maiores rochas da praia. E eu fecho os olhos para te ver melhor, porque a tua imagem pára em mim e balança na minha mente. A medo, abro os olhos para ter a certeza de que ainda ali estás, iluminado pelos raios de sol dourado, olhando-me, abrindo caminho às tuas próprias mãos para se encontrarem com o meu corpo. Tenho medo de um dia abrir os olhos e já não estares ali para que os raios de sol dourado te iluminem. Mas estás e eu acredito que estarás até que o mar deixe de existir. Abro os olhos por completo e ali estás tu à minha frente, sereno e apaixonado.
Vem, meu amor. Vamos para casa. E subimos, um a um, os degraus da nossa casa.